PROJETO COMPARTILHAR
Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira
SL. 2º, 182, F 1: Pedro Leme, que passou da dita ilha a S. Vicente com sua f.ª Leonor já casada com Braz Teves.
Pedro Leme, f.° de Antão Leme, natural da Ilha da, Madeira, fidalgo da casa real, passou-se dessa ilha para S. Vicente, onde já morava pelos anos de 1550, segundo escreveu Pedro Taques. Segundo o mesmo escritor, Pedro Leme, antes de vir para S. Vicente, deixara a Ilha da Madeira e estivera no continente, na corte de d. João III, onde casou-se a 1.ª vez com Isabel Paes, açafata do paço, natural de Abrantes, f.ª de Fernando Dias Paes, que era tio de João Pinheiro, desembargador dor paço; passou a morar em Abrantes onde teve o f.° Fernando Dias Paes. Falecendo esta sua 1 .ª mulher Isabel Paes, voltou Pedro Leme à Ilha da Madeira com seu filho e aí casou-se 2.ª vez com Luzia Fernandes de quem teve a f.ª Leonor Leme, a qual passou, na companhia de seu pai, para S: Vicente já casada com Braz Teves, tendo ficado por algum tempo na dita ilha seu irmão Fernando Dias Paes, que mais tarde também mudou-se para S. Vicente, onde se casou com sua sobrinha Lucrecia Leme, como adiante veremos.
Terceira vez casou-se Pedro Leme em S. Vicente com Gracia Rodrigues de Moura, f.ª de Gaspar Rodrigues de Moura. Faleceu Pedro Leme em 1600 em S. Paulo com testamento, em que menciona apenas o 2.º e 3.º casamentos; isto parece trazer duvida sobre o 1.º casamento, porém ela desaparece diante das indagações feitas por Pedro Taques em 1775 em Portugal (depois de ter escrito o seu Tit. de Lemes) que levaram-no à certeza da existência desse 1.° casamento, o que foi por ele comunicado a frei Gaspar da Madre de Deus, além da carta de brasão de armas passada a seu descendente Pedro Dias Paes Leme, registrada em Lisboa, da qual consta que Fernando Dias Paes, casado com sua sobrinha Lucrecia Leme, foi f.º de Pedro Leme e de Isabel Paes, n. p. de Antão Leme, bisn. de Antonio Leme e de Catharina de Barros etc.
Do que ficou dito deduzimos que foram os seguintes os f.ºs de Pedro. Leme:
Da 1.ª mulher Isabel Paes:
N.º 1 Fernando Dias Paes
Da 2.ª mulher Luzia Fernandes:
N.º 2 Leonor Leme
Subsídios à Genealogia Paulistana (Regina Junqueira)
Filha não citada por Silva Leme:
Teve Pedro Leme de Gracia Rodrigues, falecida em São Vicente e inventariada em 1594 a filha:
-Antonia, nascida por 1590, em 1600 tutelada do avô materno em S. Vicente, vivia em 1605.
PEDRO LEME
Inventário e Testamento
Vol 1, fl 25
Data: 27-3-1600
Local: Vila de São Paulo, casa de Brás Esteves
Juiz: Bernardo de Quadros
Declarante: Braz Esteves, genro do defunto
Avaliadores: Francisco Maldonado e Luiz Alves
TESTAMENTO
9-9-1592
Em nome de Deus e da Virgem Maria sua bendita Mãe
Saibam todos quantos esta cédula de testamento virem que no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil quinhentos e noventa e dois anos em os nove dias de setembro nesta vila de São Vicente em minha casa estando eu Pedro leme doente de doença que Deus me deu e não sabendo o que Nosso Senhor de mim faria estando em todo o meu entendimento que Deus me deu determinei fazer esta cédula de testamento pelo que roguei a Paulo veres meu compadre que a fizesse a meu rogo para por esta cédula deixar declarado as cousas que me convem para a minha alma e descargo da minha consciência.
Primeiramente encomendo a minha alma a Nosso Senhor Jesus Cristo ... e a sua bendita Madre que rogue por mim – digo que morrendo me enterrarão na Igreja de Nosso Senhor Matriz desta vila de São Vicente e se o Mosteiro de Jesus se concertar me enterrarão lá na cova de minha mulher que Deus haja –
(encomenda missas e esmolas pias às confrarias)
.. que Nosso Senhor perdoe os meus pecados e haja ... um escravo por nome Diogo .... minha terça para que ela ... cumprir estas obrigações que deixo e o que ....deixo a ela o qual escravo se avaliará e a minha terça não chegar a valia do dito escravo entregará minha filha na demais fazenda que houver porque o dito escravo quero que fique a minha mulher .... seu remédio por boas obras que dela recebi...
...digo que quando Luzia Fernandes defunta morreu ficaram três ... um de Manoel de Oliveira e outro de João Vieira e outro de Paulo de Veres os quais se acharam no inventário de quantos são os quais arrecadei em sua vida dela e o resto deles eram cinco cruzados dos quais paguei pela defunta minha mulher que Deus haja aos padres quinze cruzados e havia-me de entregar outros quinze que foram de Manoel de Oliveira dez cruzados e cinco de Paulo Veres e oito de João Vieira ficava para partir com minha filha digo digo que pelo escravo que minha filha me havia de dar me alargou a metade da casa de São Vicente que os ingleses queimaram e a metade das casas do Outeiros e assim a metade da divida de João Vieira e se ela não estiver por este partido a casa que se queimou da vila ... por ela e não querendo estar por isso me pagará o escravo que foi avaliado em dez mil réis e pagar-lhe-ão a metade da divida de João Vieira e dar-lhe-ão a metade das casa dos Outeiros.
Digo que Gaspar Rodrigues meu sogro me prometeu em dote cem cruzados na mão de Felipa da Mota cincoenta cruzados e na mão de Braz Cubas outros cincoenta cruzados e a conta ... de Braz Cubas me deu umas terras que vendi em cincoenta cruzados e o demais me deve tudo de que é testemunha Juzarte Lopes e por não me lembrar mais de coisa alguma houve .... por acabado e rogo a todas as justiças .... o mandem cumprir como nela se contem por .... minha ultima e derradeira vontade e ... ao rol que deixo fora ... ... de Paulo de Veres que esta me fizesse ... e rogo e peço a minha mulher ... faça por minha lama... cousas assim como por ela faria encomendando-m´o ela e porque ... confio que ela o fará lhe deixo o dito escravo que atrás declaro com as condições declaradas para que ninguém lho possa tirar ...
Assinaturas de Pedro Leme e Paulo de Veres
TESTEMUNHAS
- Paulo de Veres
- Francisco Lopes
- Luiz de Haro
- Bastião .;..
- Antonio Afonso
APROVAÇÃO
Saibam quantos esta publica aprovação de cédula e testamento virem como no ano do Nascimento de Jesus Cristo de mil quinhentos e noventa e dois aos vinte e um dias do mês de Setembro do dito ano nesta vila de São Vicente ...nas pousadas de Pedro leme Fidalgo da casa de el-rei nosso senhor por ele me foi dito e dado este testamento...
CODICILIO
7-7-1596
Declaro que deixo a minha terça a minha filha Antonia e sendo caso que a dita Antonia morra ... seu avô Gaspar Rodrigues em tal caso deixo a minha terça a minha filha Leonor Leme ou a seus filhos por sua morte.
Juzarte Lopes me prometeu cem cruzados em casamento para seu sogro Gaspar Rodrigues ... cem cruzados em um conhecimento de Manoel de Oliveira e outros cincoenta em mandado de seu salário de ter cargo da fortaleza da Bertioga assinado por Braz Cubas e com esta condição casar com sua filha.
Declaro que ao tempo que casei com Gracia Rodrigues que Juzarte Lopes disse que tinha uma ...(faltam linhas) ..... que como fosse tecida ... pertencia... meio a qual ...juramento... e quando era e declaro mais que deixo .... filha Leonor Leme de sua mãe Luzia Fernandes ainda o que não declarei no inventario.
Declaro que eu mandei criar uma menina filha de uma escrava de Juzarte Lopes por não ter mãe a qual me deu que a criasse para mim e depois de a criar dois anos m´a tornou a pedir que me pagaria a criação e não m´a pagou e peçam´lha que foram dois.
Declaro que minha mulher deixou ... terras da terra firme e eu não lhe quis dar nem lhas dou porquanto.
Declaro que Diogo Fernandes deu por mim a Bastião Leme seis vacas para m´as trazer com as suas e não me entregou mais que quatro peçam-lh´as duas.
Declaro que do moço que minha mulher Luzia Fernandes me ... que não quero nada porque morreu por meu.
Declaro que antes que Diogo Fernandes lhe desse as seis vacas tinha já duas em seu poder das quais tomou uma dizendo que eu lh´a dei e não lh´a dei e peçam-lhe também as quais coisas aqui declaradas ficam escritas por Antonio Afonso o qual assinou aqui por mim por ser cego e não ver para assinar hoje sete dias de junho de 96 anos.
....
Declaro que sendo o caso que minha filha .... filho ou filha sempre esta terça .... a minha filha Leonor ...... que sou obrigado ... Gracia Rodrigues sete mil réis que ..... por declarar os quais não dei deles .... partilha a minha filha Antonia a qual declaração foi feita a meu rogo por Antonio Afonso, hoje sete de junho de 96 anos.
(obs: entre 1592 e 1596 Pedro Leme ficou cego e impaciente com Juzarte Lopes e com o sogro e mais chegado à filha Leonor Leme)
23-6-1596: Pedro Leme está em São Paulo na casa de Brás Esteves e pede a aprovação do testamento e dos codicilios, na presença das testemunhas Garcia Rodrigues, Lucas Fernandes, Rafael de Oliveira, Aleixo leme e Simão Borges.
BENS QUE SE AVALIARAM
- Roupas usadas
- Pouca tralha de casa
- Cincoenta cruzados do negro que se vendeu por nome Diogo
- 3$520 em moedas de ouro
Foram entregues a Braz Esteves
(Braz Esteves manda citar Gaspar Rodrigues em São Vicente que venha para as partilhas e Gaspar responde com “desdem”. Braz então solicita as partilhas assim mesmo e Gaspar Nunes é feito curador de Antonia para as partilhas em São Paulo)
PRECATÓRIA QUE VEIO DE SÃO VICENTE
Gaspar Rodrigues alega que ao contrário é Leonor Leme que deve mandar o inventário de São Paulo para São Vicente e ir lá às partilhas já que foi lá que morreu Gracia Rodrigues deixando a filha Antonia, que estava com ele avô e era herdeira órfã de Pedro Leme.
GRACIA RODRIGUES
Inventário e Testamento
Vol 5, fl 40, anexo ao de Pedro Leme
Data: 11-2-1594
Local: Vila de São Vicente, casa de Pedro Leme
Juiz: Luiz de Haro
Avaliadores: Juzarte Lopes e Aleixo Leme
TESTAMENTO
Em nome de Deus Amem digo e da Virgem Maria Sua Madre
Saibam quantos este instrumento e cedula de testamento virem como eu Gracia Rodrigues mulher de Pero leme cavaleiro fidalgo como estando ora muito doente em artigo de morte...
Encomenda a alma e missas, faz doações pias.
- Dá o remanescente da terça a seu marido Pero Leme.
- Quanto aos cem cruzados que seu pai prometeu em dote, que se o pai Gaspar Rodrigues de Moura quiser herdar na fazenda de Pero Leme trará os ditos cem cruzados ao monte mor, caso contrario deixa a critério de seu marido, porque não trouxera nada com ela.
- Pediu ao compadre Paulo de Veres que redigisse o testamento que pede seja cumprido.
INSTRUMENTO DE APROVAÇÃO
Data6-8-1590
CODICILHO
Depois de ter este testamento feito estando muito mal mandei fazer este codicilho ... no qual declaro que morrendo quero que o escravo por nome Diogo se de a minha filha Antonia porque o tomo na minha terça .....
DIVIDAS QUE DEVEM
Conhecimento de Felipa da Mota
Seu sogro Gaspar Rodrigues lhe deve 50$000
Meia arroba de estanho
O tabelião que fez o inventário, Francisco de Torres, não quer receber nada pelas boas obras que tem recebido de Pero Leme
Seguem as quitações e recibos, até 12-2-1594 pagos por Pero leme, depois disso por seu procurador Antonio Afonso.
Esse inventário foi buscado em São Vicente e trasladado em São Paulo por pedido e às custas de Brás Esteves e Leonor Leme pelo que pagaram $340 em fevereiro de 1600.
Braz Esteves também acosta o inventário de Luzia Fernandes no qual se encontram dividas a cobrar e casa em terra firme de São Vicente que o defunto manda que se pague a sua filha Leonor.
MONTE MOR 36$950
Dos quais 11$160 reis eram devidos a Braz Esteves do inventário da sogra
Legitima de cada herdeira: 8$592
Ficando por partir um conhecimento de Felipa da Mota no valor de 20$000 e mais o que deve Gaspar Rodrigues
Segue o leilão da tralha que coube à órfã
16-8-1603
Braz Esteves apresenta quitações e diz ter cumprido todo o testamento.
6-3-1605
Manoel Godinho é feito curador da órfã e recebeu as contas do curador antigo, Gaspar Nunes.