PROJETO COMPARTILHAR

Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira

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S.L. 2º, 186 - N1 -Fernando Dias Paes, que tinha ficado na Ilha da Madeira em companhia de seus avós quando partiu seu pai para S. Vicente, mais tarde também passou a morar nesta vila onde casou-se 1.º com Helena Teixeira e 2.ª vez com sua sobrinha Lucrecia Leme, f.ª de Braz Teves e de Leonor Leme n.° 2 adiante. Teve:

Da 1.ª mulher Helena Teixeira 3 f.°s que, segundo escreveu Pedro Taques, foram para a Bahia, a chamado de um parente de grande respeito e tratamento, e são:

Cap. 1 ° Francisco Teixeira

Cap. 2.° Vicente Teixeira

Cap. 3.° Antonio Teixeira, que casou na Bahia e deixou uma f.ª que também casou na mesma cidade e deixou grande geração.

Da 2.ª mulher Lucrecia Leme deixou os f.ºs descritos no Cap. 5.° do n.° 2 adiante.

 

fls. 442, Cap 5- Fernando Dias Paes faleceu com testamento em 1605 em S. Paulo e sua mulher Lucrecia Leme com testamento em 1645. Teve (C. O. de S. Paulo):

1-1 Izabel Paes § 1.º

1-2 Leonor Leme § 2.º

1-3 Fernão Dias Paes Leme § 3.º

1-4 Maria Leme § 4.º

1-5 Pedro Dias Paes Leme § 5.°

1-6 Luzia Leme § 6.º

1-7 Luiz Dias Leme § 7.º

 

Teve também uma f.ª bastarda: 1-8 Suzana Dias, que foi mãe de 2-1 Simôa Fernandes, casada com Diogo Penedo ; desta descendeu 3-1 Maria Pedroso, que foi casada com o capitão Manoel Themudo, que foram pais de 4-1 Maria de Faria casada em 1668 com seu parente Manoel João de Quebedos. (C. Ec. de S. Paulo, dispensas matrimoniais).

 

Subsídios à Genealogia Paulistana (Regina Junqueira)

 

1 Izabel Paes, nascida por 1578

2 Leonor Leme, nascida por 1573.

3 Fernão Dias Paes Leme, nascido por 1576

4 Maria Leme, nascida por 1578

5 Pedro Dias Paes Leme, nascido por 1578

6 Luzia Leme, nascido por 1587

7 Luiz Dias Leme, nascido por 1590

 

Nada consta no testamento e inventário sobre a filha bastarda. Seria ela filha do filho homonimo ?????

 

Nota: inventários SAESP, neste site, de:

Lucrecia Leme,  vol. 14

Maria Leme, vol. 13

Pedro Dias, vol. 9

Luzia Leme, vol. 15

 

FERNÃO DIAS

Inventário e Testamento

 

Vol 1, fls 397

Data: 11-10-1605

Local: Sitio dos Pinheiros 

Provedor Mor dos Órfãos: Francisco Sotil de Siqueira

Declarante: Lucrecia Leme, a viúva

Avaliadores: Álvaro Neto e Pascoal Leite

 

(Nota: esse inventário não segue o procedimento oficial dos demais, porque Lucrecia Leme pede a “proteção” do Provedor Mor dos órfãos, passando a seu pedido ao largo do juiz de órfãos e avaliadores oficiais)

 

Lucrécia Leme, seis dias após a morte de Fernão Dias, pediu a Francisco Sotil que não deixe ninguém se entender com ela até que ele mesmo volte da viagem que estava para fazer às minas, no que é atendida por despacho que Francisco Sotil passa ao juiz de órfãos, proibindo qualquer um de se entender com a viúva porque ele chamou a si as partilhas de que se trata.

Também os avaliadores não são os oficiais, mas dois vizinhos, Álvaro Neto e Pascoal Leite, e é a própria viúva que pede a Francisco Sotil que ambos sejam chamados a prestar juramento. No que é atendida.

 

FILHOS DO PRIMEIRO MATRIMONIO

1- Francisco Teixeira, falecido, que dizem ter uma filha na Ilha da Madeira ou onde estiver

2- Vicente Teixeira, dizem estar em salvador na Bahia

3- Antonio Teixeira, morador em São Paulo

 

FILHOS DO SEGUNDO MATRIMONIO

4- Leonor Leme, 32 anos, mulher de Simão Borges

5- Fernão Dias, 29 anos

6- Maria Leme, 27 anos, mulher de Manoel João

7- Izabel Paes, 27 anos, mulher de José Serrão, morador no Rio de Janeiro

8- Pero Dias, 27 anos

9- Luzia Fernandes, 18 anos solteira

10- Luiz, 15 anos

 

BENS DE RAIZ

- Casas na vila de São Paulo partindo com Gonçalo Pires e Simão Borges avaliadas em 20$000

- Casa no sitio de Pinheiros avaliadas em 16$000

- Meia légua de terra dos pinheiros para a vila partindo com os padres da Companhia e Diogo Lopes, compradas a Antonio de Siqueira

- 300 braças além Jeribatiba partindo com Afonso Sardinha e Vicente Bicudo

- Terras vizinhas às acima, compradas da mulher de André de Burgos

- Casas por acabar na vila vizinhas a Mateus Leme e com a rua do Concelho

 

FAZENDA

Gado, criação de porcos, um cavalo velho

6 cadeiras, caixas

Trem de cozinha

Ferramentas

Roupas de uso e de casa

Roças de mantimentos

 

PEÇAS: 12 escravas e 5 forros, todos do gentio da terra

 

DIVIDAS PASSIVAS

Belchior da Costa

Fernão Marques, tecelão

Manoel João, genro

 

CITADOS PARA PARTILHAS

11-10-1605

- Lucrecia Leme e sua filha Luzia Fernandes

- Simão Borges e sua mulher Leonor Leme

- Fernão Dias

- Antonio Teixeira

- Pero Dias

- Luiz Dias

- Manoel João e sua mulher Maria Leme

 

TESTAMENTO

 

Jesus Maria

Em nome de Deus e da Santíssima Trindade Padre e Filho e Espírito Santo três pessoas e um só Deus Todo Poderoso que de todos é o verdadeiro remédio e salvação e da Santíssima Virgem gloriosa Maria Nossa Senhora sua Mãe e advogada nossa diante do mesmo Deus.

Saibam todos quantos esta cédula de testamento virem como no ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e um anos em os treze dias do mês de dezembro da sobredita era no termo desta vila de São Paulo aonde chamam os Pinheiros nas minhas casas e moradas de mim Fernão Dias estando eu são com todos os cinco sentidos que Deus Nosso senhor me deu achei que para bem da minha alma é bem fazer este testamento não sabendo  não sabendo o tempo nem hora em que o mesmo Deus é servido levar-me desta presente vida para o qual efeito todo o fiel cristão é necessário estar aparelhado.

Primeiramente encomendo minha alma ( a Deus, à Virgem ao todos os santos e santas)

Digo que sou casado com Lucrecia Leme minha mulher da qual tenho sete filhos a saber quatro fêmeas e três machos e porque fui primeiro casado com Helena Teixeira da qual ao tempo de seu falecimento ficaram três filhos e uma filha a qual filha dahi a um ano faleceu e ficaram os machos a saber Francisco, Vicente e Antonio os quais Francisco e Vicente se foram a Bahia e o Francisco se casou lá e de sua mulher houve uma filha e ele faleceu a qual filha depois se casou ao qual meu filho lhe mandei daqui a conta de sua legítima de sua mãe dez cruzados por estar preso dos quais tenho quitação e sua filha depois de casada seu marido mandou procuração a André Pires dos Santos que Deus tenha em gloria para de mim arrecadar a mais legitima a conta da qual lhe dei quinze cruzados em quinze caixas de marmelada/ e o Vicente vindo aqui a esta capitania haverá dois anos em companhia de Antonio de Caldas sobrinho de Baltazar Ferraz lhe dei dez cruzados a conta de sua legitima em dez caixas de marmelada e cinco cruzados em um porco salgado e tornando-se para a Bahia lhe dei outro porco salgado que valia outros cinco cruzados e quatro caixas de marmelada em outros quatro para que os desse a Dom Inocêncio Ferreira no Rio de Janeiro o que tenho para mim não lho dar e leva-lo porque eu escrevi duas ou três vezes ao padre Dom Inocêncio que me escrevesse se lhe fora dado e não me respondeu no que me parece não lho dar e mostrar como lho deu se lhe levará em conta e se não fique à conta de sua legitima e se ele tornar da Bahia buscar sua legitima que a ele couber por minha morte será necessário para a que lhe coube de sua mãe trazer certidão da Vila de São Vicente do que se lhe cabe de legitima. E quanto ao Antonio eu lhe tenho pago sua legitima como parecerá na quitação e porque eu como seu curador tirei dois instrumentos de Gaspar Nabo ouvidor por certa ... que lhe queria fazer os quais instrumentos ... que mais foi a eles necessários e outras coisas como se verá por certidões que tenho dos tabeliães Antonio Rodrigues e Belchior da Costa nas quais se montam perto de vinte cruzados os quais se lhe descontarão da legitima que lhe couber por meu falecimento porque ele nunca mos pagou.

Declaro que por morte e falecimento da primeira minha mulher ficaram roças de que eu fiz farinha conteúda no inventario da qual meus filhos não têm mais que a quinta parte dela porque a metade era minha e da sua ametade era minha e da sua ametade tenho eu a outra metade porque eu fiz sem seu ajutório e também ficaram duas canoas uma maior que a outra as quais serviram eles e a mim e quando vim para esta vila vendi a mais pequena segundo minha lembrança por três cruzados e a outra se gastou.

Devo à fazenda de Luiz Fernandes de Brum uma pataca a qual não tenho paga por não haver quem arrecade sua fazenda.

E quando Nosso senhor for servido levar-me da vida presente deixo minha mulher Lucrecia leme por minha testamenteira e curadora de meus filhos a qual se entregará tudo quanto por minha morte ficar, dando ela fiança boa e abonada para em todo o tempo entregar o que a meus filhos couber e de sua mão quero que hajam cada um a sua legítima e nenhuma coisa minha se venderá em pregão senão aquilo que ela quiser que se venda e outra coisa nenhuma não e mando que de minha terça me dirão vinte missas rezadas as quais se dirão por diversos padres para que logo sejam ditas e das primeiras ... seja cantada com oferta que a dita minha mulher parecer e como forem ditas as pagarão e se poderão dizer algumas em Nossa Senhora do Carmo  e o restante delas deixo a minha mulher e rogo a todas as justiças que ... todo e por todo a favoreçam porque ela o merece e porque esta é minha ultima vontade pelo bom tratamento que por sua virtude sempre me fez o que se entenderá não se ...

Declaro que haverá pouco mais de dois anos que ... minha filha Isabel Paes com José Serrão ... dar-lhe perto de quinhentos cruzados da maneira seguinte/ a saber cento e cincoenta cruzados em dinheiro e cento em três peças duas fêmeas e um macho a saber Antonia que houve de João Fernandes havia muito pouco tempo por trinta cruzados / outra que havia cinco ou seis meses que houve de Gaspar Collaço por quarenta cruzados em dinheiro / outro rapaz por nome Luiz que logo vendeu a Pedro Taques por onze mil réis / outrossim lhe dei vinte e três cabeças de gado vacum a saber doze vacas com onze filhos e filhas a saber sete fêmeas e quatro machos pela qual criação meu genro Manoel João lhe dava por ela vinte cruzados e as vacas valiam três cruzados e meio / mais uma égua mansa com um poltro pela qual me davam quinze cruzados e mais lhe dei tres porcos cevados que valiam doze cruzados e mais tres porcas e outras bacorras que seriam dez ou doze cabeças que bem valiam quinze cruzados e assim mais lhe dei uma saia de Londres florentino e um gibão de tafetá que valiam vinte e cinco cruzados mais lhe dei dois calçados a saber dois pares de botinas e uns chapins / um manto de sarja de nove côvados que custou dezoito cruzados e mais cinco côvados de baeta roxa que custou cinco mil reis um chapeu que custou quatro cruzados um cobertor de papa novo que custou dez cruzados um anel de ouro que custou trs / quatorze mil reis mais em carnes de porco salgadas por um lanço de casa que ... pude fazer / mais lhe dei mandioca que comeu dois anos ele e sua mulher e suas peças ... criação de porcos que ao menos podia valer cincoenta cruzados e porque de todas essas coisas que lhe dei em casamento delas não me quis dar quitação e se foi da capitania e ele é obrigado a tornar por minha morte ao monte o que mais leva ... e lhe cabe fiz esta declaração para que se saiba o que levou para meus filhos fiquem todos iguais em suas legitimas.

E porque detraz deste testamento falo que vendi uma canoa que ficara da outra mulher lembro-me que a houve em companhia de Lucrecia Leme  pela qual razão não se faça caso de uma e nem da outra.

Declara que se lembrar de mais alguma fará um rol, que confrade de N. Sra de (Itanhaem, que deu mais a José Serrão seis bacias de estanho e mais uma toalha com quetro Guardanapo.

Feito pelo genro Simão Borges em 13-12-1601, assinado por Simão Borges e Fernão Dias.

 

No mesmo dia Fernão Dias leva o testamento na casa do tabelião Belchior da Costa, e faz a entrega com as testemunhas José de Camargo, Francisco Dias Pinto, Francisco de leão, João de Santa Ana e Antonio Carrilho.

 

Faz um codicilio determinando que os tapioâes deveriam ficar com a mulher. Declara que deu uma roupeta para que o filho Antonio Teixeira pagasse os serviços de um índio que veio com ele do sertão trazendo um prisioneiro, e mais carnes quando ele foi com Saavedra. Deixa também à mulher os índios da roça, e pede que não entrem em partilhas e finalmente pede que “em tudo favoreça a dita minha mulher Lucrecia Leme mais que aos próprios ... filhos e por assim ser minha vontade roguei a meu genro Simão Borges que este por mim fizesse e assinasse como testemunha com Aleixo Leme que de presente estava em São Paulo digo nos Pinheiros ... dias do mês ... de mil sescentos e cinco anos”

 

Nota: Fernão Dias estava doente em uma rede

 

CUMPRA-SE: 17-3-1605

 

Fl 420: citação de José Serrão e Isabel Paes na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. José Serrão se dá por citado mas diz que “a ele não deram casamento algum que nem porisso queria herdar nem sua mulher” e desistiam de todo direito à herança.

 

12-4-1606 – Citação de Manoel Branco por si e por Antonio Teixeira de quem era procurador. Respondeu que estava indo para o Rio de Janeiro e que se fizessem partilhas em sua ausência seriam nulas. Também era procurador do cunhado Vicente Teixeira que estava na Bahia. No entanto desiste de ser procurador de Vicente.

 

PETIÇÃO

Lucrecia Leme pede que se dê a ela a parte da filha do finado Francisco Teixeira, porque a órfã estava na Ilha da Madeira e não tinha a quem entregar.

 

 

MONTE MOR: 313$780

Para a viúva: 209$180 (meação mais terça)

A cada herdeiro: 10$460

 

Seguem as quitações de Antonio Teixeira, Fernão Dias e sua mulher Catarina Camacha, Pedro Dias, e das missas.

 

Fiadores de Lucrecia: Aleixo e Pedro Leme