PROJETO COMPARTILHAR
Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira
Família “Antonio Furquim da Luz”, neste site.
FRANCISCO JOAQUIM DE ARAÚJO PEREIRA DA SILVA, comendador
Testamento
Museu Regional de São João del Rei
Tipo de Documento: Testamento
Ano: 1863/1871
Caixa: 125
Testador: Comendador Francisco Joaquim de Araújo Pereira da Silva
Testamenteiro:Eduardo Ernesto Pereira da Silva
Local: São João del Rei
Nº de Páginas: 288
Transcrito por Edriana Aparecida Nolasco a pedido de Regina Junqueira
fls. 01 - Testamento
Em nome de Deus.
Digo eu abaixo assinado que achando-me doente e não sabendo o dia e hora em que devo pagar o tributo da humanidade, me vou predispor com o ato de minha última vontade em testamento seguinte:
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Sou natural desta cidade, filho legítimo dos finados meus pais o Doutor Gomes da Silva Pereira e Dona Mariana Joaquina de Oliveira, aos quais devo minha existência, educação e amor paternal e por isso, e por obrigação lhes tributo aqui o meu eterno reconhecimento e respeito filial e acrescentando que sempre pratiquei para com o primeiro todos os deveres de submissão, obediência e amizade razão porque não tenho o menor escrúpulo de consciência e menos receio de declarar alto e bom som “que fui bom filho” e que nas circunstancias críticas sempre lhe prestei os meus serviços e socorros conforme as minhas forças e que em tempo algum lhe dissipei a menor parte de sua fortuna (...).
Fui casado em primeiras núpcias com Dona Josefa Amália Álvares da Costa de cujo matrimônio nos ficaram os seguintes filhos: Frederico = Josefa = e Eduardo; os dois primeiros falecidos, existindo apenas o terceiro Doutor Eduardo Ernesto Pereira da Silva, casado e com filhos, o qual é meu necessário e legítimo herdeiro nas duas partes de meus bens.
Minha finada filha Dona Josefa Amália Pereira da Silva, exemplar modelo das boas e virtuosas filhas e consortes, foi casada com o Doutor Joaquim Bueno Goulart Brum e apenas sobreviveu um ano, mais meses, promovendo seu filho João, meu neto, pelo que sucede no Direito hereditário de sua meação (...).
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Casei-me em segunda núpcias com Dona Victoria Fausta Pereira da Costa por contrato ante-nupcial com separação total de nossos bens presentes e futuros e apenas lhe fiz doação causa-mortis da quantia de três contos de réis em dinheiro, e de dois no valor desta minha casa que não chegou a verificar-se por ter a mesma falecido.
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Desse matrimônio não me ficaram filhos alguns (...).
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Nomeio por meu primeiro testamenteiro a meu dito filho Doutor Eduardo Ernesto Pereira da Silva, em segundo lugar ao cidadão senhor Gustavo Ernesto Pereira da Silva, e em terceiro ao senhor Antonio Augusto Pereira da Silva (...) em quarto lugar a minha muito prezada irmã Dona Maria Isabel de Oliveira e Silva (...).
Determino que o meu funeral seja feito com a devida decência e solenidade indo o meu corpo em depósito para a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (...).
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Constituo como alimentos a Dona Amélia Augusta da Silva Machado, mulher do Tenente Antonio Ernesto de Oliveira Machado, pessoa a quem muito amo e respeito não só por a ter criado e educado, mas sobretudo pelas suas estimadas qualidades e virtudes, a quantia anual de trezentos mil réis (...) por sua morte passará a seus filhos se os tiver, e não os tendo a sua mãe Dona Theodora Joaquina de Assis durante a vida desta.
Constituo como alimentos a seu irmão Antonio Augusto Pereira da Silva, anualmente e durante a sua vida, a quantia de cento e oitenta mil réis (...).
Declaro aqui que o eduquei com todo o desvelo desde tenra idade e sempre foi o meu gosto que ele se ordenasse e seguisse a carreira sacerdotal, não só por ser o estado ainda o mais respeitável, como para servir de amparo a sua mãe; porém por sua pouca saúde, ou por outro qualquer motivo este o presente não me fez a vontade em todo e qualquer tempo que o queira será a sua ordenação feita a custa do rendimento da minha terça e lhe constituo para patrimônio a chácara da Rua de cima do Tejuco (...).
E no caso que o mesmo obtenha algum emprego nesta cidade, o meu filho e Testamenteiro lhe dará a chácara para nela residir e morar com sua mãe (...).
Constituo como alimento anual a Bernardo Jose, que presentemente mora em minha companhia, a quantia de cem mil réis durante a sua vida (...) sendo trabalhador e moço de bons costumes o recomendo muito ao meu filho que o trate bem e o conserve em nossa casa enquanto ele quiser (...)
Dos rendimentos das mesmas apólices da minha terça, meu testamenteiro dará a cada uma das filhas de Francisca de Paula, casada que foi com o cidadão Lucio Fernandes Brasiel morador na cidade de Valença, a quantia de duzentos mil réis a cada uma, a saber: Mecias, minha afilhada = Maria = e Lucila, e se tiver falecido alguma delas reverterá a sua cota para as outras que sobreviverem; e para a dita minha afilhada Mecia, que me participou estar casada, prometi-lhe mandar os duzentos mil réis como pretendo (...).
Constituo como alimento e esmola a Gabriela, filha de minha escrava Alexandrina (...) a quantia de duzentos e cinquenta mil réis (...) além disso ordeno que a mesma seja conservada na morada de casas reunidas a minha, sem pagar coisa alguma (...).
Constituo para alimento de meu afilhado Francisco, filho da mesma, cem mil réis e aos dois irmãos, Antonio e Messias, cinquenta mil réis para ambos (...) recomendo muito ao meu filho e testamenteiro que tenha toda a atenção e estima para com a mãe e filhos e que se Antonio ou Francisco se dispuser ordenar-se dê alguma esmola para auxilio de sua ordenação (...).
Deixo a minha muito prezada e respeitada irmã Dona Maria Isabel de Oliveira e Silva, como reconhecimento e remuneração dos muitos favores e benefícios que dela tenho recebido, a quantia de quatrocentos mil réis (...).
Deixo igualmente a Dona Theodora Joaquina de Assis a quantia de trezentos mil réis para seu alimento e vestuário (...).
Deixo a Dona Maria José de São Thiago a quantia de duzentos mil réis e a seu filho Francisco, afilhado de meu filho e testamenteiro, duzentos mil réis.
Deixo igualmente a meu afilhado Teófilo, filho de meu ex-genro Doutor Goulart deze, digo, cem mil réis; e cinquenta a meus afilhados Antonio Pereira, filho de Dona Ignes; e a Augusto, filho de Dona Minervina.
Aos meus afilhados de crisma vinte mil réis, a saber: a João Vieira, filho de Domingos José Vieira; e a um filho de Antonio Gonçalves Villela, este receberá do que me deve os dito seu pai e dez mil réis a um menino das partes do Pombal, de quem fui padrinho de crisma, cujo nome eu não lembro, mas que vive em companhia de seu pai adotivo.
Deixo as três netas de Feliciana e a Maria, mãe daquelas, dez mil réis a cada uma; e também a Dona Maria Vicência dez mil réis como esmola.
Deixo a Ambrosina, filha de minha escrava Maria, cem mil réis para seu dote (...).
E também deixo para o mesmo fim de dote, a Alexandrina, cria de minha mulher, cinquenta mil réis; e a Virginia trinta, e a pequena Perciliana dez mil réis e desta será entregue a sua mãe Delfina.
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Deixo a minha cria, o Carlos, filho de Maria, para meu neto João, com a condição de não ser maltratado nem vendido (...).
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Deixo a minha boa Amélia, um cordão de ouro com um coração também de ouro, uns brincos de ouro que foram da minha mãe (...) e se não tiver filhos, por sua morte passarão a seu irmão Antonio ou a seus filhos se os tiver.
Deixo a minha neta Mariquinha o grande rosário de ouro que foi de minha mãe, cujo traste de família se conservará e também uns brincos de diamantes.
E o meu anel grande, de pedra fina de cor de limão circulado de diamantes, ao dito meu filho que o conservará como viva lembrança de seus antepassados.
Declaro aqui que empreguei todos os meus esforços e de meus amigos para o arranjo do ofício de Tabelião Escrivão da Provedoria e de hipotecas para o senhor Gustavo Ernesto Pereira da Silva e lhe assisti com todo o necessário para o seu diploma (...).
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Determino que se digam dez missas por alma de meus pais e meus tios Tenente Coronel Simão da Silva Pereira e o Brigadeiro Francisco Joaquim de Araújo Magalhães.
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Se dirão cinco missas por alma de minha mãe de criação Ignacia, minha madrinha (...).
Se dirão cinco missas igualmente por alma do Conselheiro Sebastião do Rego Barros, meu muito prestimoso amigo e parente.
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(...) minha primeira mulher fora enterrada em dezessete de Abril de mil oitocentos e vinte e seis dentro do arco da Capela Mor da Matriz (...).
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São João del Rei, 9 de Junho de 1863
Francisco Joaquim de Araújo Pereira da Silva
fls. 16 - Abertura
Aos dezoito dias do mês de Setembro do ano de mil oitocentos e sessenta e seis (...) foi aberto este Testamento com que faleceu o Testador Francisco Joaquim de Araújo Pereira da Silva.
fls. 18 - Procuração
Procurador Nomeado: Doutor Francisco Ignacio de Carvalho Resende
Data: 28-07-1871
Local: São João del Rei
Que Faz: Doutor Eduardo Ernesto Pereira da Silva
fls. 22
Aos três de Novembro de mil oitocentos e sessenta e oito faleceu com os sacramentos Antonio Augusto Pereira da Silva, em Matosinhos, e foi sepultado em Matosinhos depois de ser encomendado, do que fiz este assento (...).
fls. 23
Diz Bernardo José de Assunção, morador nesta cidade, que o testador Comendador lhe deixou legado (...).
fls. 36
Diz Gabriela Alexandrina Pereira da Silva, por si e como tutora de seus filhos Mecias, Antonio e Francisco (...) que receberam legado (...).
fls. 43
Diz Dona Theodora Joaquina de Assis que (...) recebeu legado (...)
fls. 49
Diz Francisco Alves Pereira da Silva que (...) recebeu legado (...).
fls. 52 - Procuração
Procurador Nomeado: Major Celestino José Ferreira
Data: 10-02-1871
Local: Arraial de Prados Termo da cidade de São João del Rei
Que Faz: Francisco Alves Pereira da Silva (morador nesta cidade de Prados - filho do inventariado)
fls. 53
Diz o Doutor Joaquim Bueno Goulart Brum (...) que o testador legou a um seu filho de nome Cristiano, cem mil réis (...).
fls. 56 - Procuração
Procuradores Nomeados: José Bernardo do Espírito Santo, Antonio Jose Dias Bastos Sobrinho
Data: 08-03-1871
Local: Cidade de Lavras
Que Faz: Doutor Joaquim Bueno Goulart Brum (ex genro do Testador)
fls. 57
Diz Antonio Pereira da Costa Junior que (...) o Testador lhe deixou legado (...).
fls. 67
Dizem Mariana Cândida de Jesus, Francisca de Paula de Jesus e Salvina Carolina de Jesus, que (...) o Testador lhes deixaram legado (...).
fls. 111
Diz Maria Deolinda Brasiel, filha de Lucio Brasiel e de sua mulher Francisca de Paula, que o Testador lhe deixou legado (...).
fls. 114
Diz a Baronesa de São João del Rei, viúva do Barão de São João del Rei o Doutor Eduardo Ernesto Pereira da Silva que em testamento deixou seu sogro (...) o rendimento de 5 apólices a Amélia Augusta de Jesus Machado, passando o dito rendimento, por morte desta, a seus filhos e a mesma não tem descendentes (...).