PROJETO COMPARTILHAR
Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira
Família “Bento Faleiro”, neste site.
FRANCISCO FERREIRA ARMONDE
Inventário e Testamento
ARQUIVO DO IPHAN – SÃO JOAO DEL REI
ARMONDE, Francisco Ferreira.
SÃO JOSÉ, Ana Antônia de (Viúva era sua segunda mulher).
São João Del Rei - 1751
Disponibilizado por Paulo Cezar Ribeiro Luz
Filhos:
1 – Maria Vicência casada de idade de 29 anos.
2 – Manoel Ferreira solteiro de idade de 27 anos.
3 – Vicente de idade de 16 anos.
4 – Francisco de idade de 14 anos. (Filho com Ângela Maria)
5 – Ana de idade de 11 anos.
6 – José de idade de 9 anos.
Bens de Raiz:
Declarou ela dita inventariante haver um sítio o qual era dividido em dois hoje se acha todo junto com seus capões de Matos virgens e capoeiras com casas de vivenda cobertas de capim e senzalas também cobertas de capim e um moinho do qual só pertence a este casal três partes e a quarta parte pertence a Manoel Cardozo Pires com dois carros velhos e um ... tudo velho, três ...e mais pertencentes e os ditos carros e assim mais alguns ... da mesma fazenda e a mesas e alguns bancos da mesma casa de uma parte com José Ferreira dos Santos e de outra com Manoel Fagundes de outra com Manoel Cardozo Pires de outra com terras de José Alvares e de outra parte com Antônio Luiz com cinco ou seis alqueires de milho plantado que tudo foi visto e ... pelos ditos avaliadores em um conto e duzentos e oitenta mil reis com que se ... digo com um conto quatrocentos e oitenta mil reis com que se ....
OBS: o inventário se encontra em péssimo estado de conservação.
FRANCISCO FERREIRA ARMONDE
Testamento
(Microfilme 1252370 – Barbacena - Livro de óbitos1747-1750)
Aos dezesseis dias do mês de novembro de mil setecentos e cinqüenta e um anos faleceu da vida presente Francisco Ferreira Armonde, morador no Rio Fundo desta freguesia da Borda do Campo, recebeu todos os sacramentos. Foi sepultado dentro da igreja matriz, desta mesma freguesia. Deixou testamento da forma seguinte:
“Em nome da Santíssima Trindade Padre, Filho e Espírito Santo três pessoas distintas e um só Deus verdadeiro. Saibam quantos este documento virem como no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e cinqüenta e um anos, aos nove dias do mês de novembro do dito ano, eu Francisco Ferreira Armonde estando em meu perfeito juízo e entendimento que o Senhor me deu, doente em uma cama e temendo-me da morte e desejando por minha alma no caminho da salvação. Por não saber o que Deus Nosso Senhor de mim quer fazer e quando será servido de me levar para Ele faço este testamento da forma seguinte:
Primeiramente, encomendo minha alma a Santíssima Trindade que apresse. Rogo ao Padre Eterno pela morte e paixão de seu Unigênito Filho se queira receber como recebeu a Sua, estando para morrer na árvore de sua cruz e a meu Senhor Jesus peço pelas suas divinas chagas que já que nesta vida me fez mercê de dar seu precioso sangue e merecimento de Seus trabalhos me faça, também, mercê na divina esperança, dar premio deles que é a glória. E peço e rogo a gloriosa Virgem Maria Senhora Nossa, Madre de Deus e todos os Santos da Corte Celestial, particularmente, o meu anjo da guarda e ao santo do meu nome São Francisco, a Nossa Senhora do Rosário e a Nossa Senhora da Piedade a quem tenho devoção queiram por mim interceder. E rogar a meu Senhor Jesus Cristo agora e quando minha alma deste corpo sair, porque como verdadeiro cristão prometo de viver e morrer em a Santa Fé Católica e crer o que tem, e crê a Santa Madre Igreja de Roma e em nessa espero salvar a minha alma, não pelos meus merecimentos , mas pelos da Paixão do Unigênito Filho de Deus.
Rogo a minha mulher Ana Antonia de São José, a João Alves de Araújo e a meu genro José Ferreira dos Santos por serviço de Nossa Senhora e por fazerem mercê queiram aceitar, digo, queiram ser meus testamenteiros.
Meu corpo será sepultado em a igreja matriz desta freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo e amortalhado com o hábito de São Francisco havendo, na falta deste em um lençol de pano de linho e levado com acompanhamento dos clérigos que comodamente se puderem ajuntar na ocasião, em que meu corpo se sepultar e todos eles dirão missa de corpo presente por minha alma, dando-se de esmola a cada um da dita missa uma oitava de ouro, a meu corpo acompanharão a irmandade do Santíssimo Sacramento de que sou irmão, como, também, sou da irmandade das almas os quais irmãos das ditas irmandades cumprirão comigo o disposto compromisso no que toca aos sufrágios e sepultura, acompanhamento que devem fazer.
Declaro que por minha alma se digam nessa freguesia setenta e oito missas, dando-se por esmola a cada uma seiscentos e quarenta réis, cuja será do padre vigário da freguesia e não podendo dizê-las ou reparti-las pelas capelas de nossa freguesia. Declaro que se digam por minha alma cento e cinqüenta e seis missas na cidade do Rio de Janeiro, dando-se de esmola por cada uma trezentos e vinte réis. Declaro que deixo para as obras de Nossa Senhora da Piedade desta minha freguesia vinte mil réis. Declaro que deixo de esmola a Joana da Conceição dez mil réis. Declaro que deixo de esmola a Maria da Conceição seis mil e quatrocentos réis.
Declaro que sou natural da Ilha Terceira, da freguesia da Vila de são Sebastião, filho legítimo de Gaspar do Souto Maior e de sua mulher Margarida das Candeias, já defuntos.
Declaro que fui casado com Ângela Maria, já defunta, de que tive seis filhos, a saber = Ana, Vicente, Ignes, Francisco, Manoel e Maria.
Declaro que por morte de minha primeira mulher Ângela Maria se fez inventário dos bens que possuíamos e o que me tocou a sua meação, satisfeitos os legados, se repartiu o que tocava da sua meação aos nossos seis filhos, tudo como consta do inventário e partilhas, que imediatamente se fizeram. Declaro que a meu filho Manoel lhe restou para ficar inteirado de sua legítima quarenta e nove mil e seiscentos e trinta e três réis. Tudo como consta de sua folha de partilha. Declaro que sou devedor de minha filha Ana, ou a quem melhor constar da folha de partilhas para ser inteirado de sua legítima o que da mesma folha de partilha constar. Declaro que sou devedor a viúva, mulher que foi do Capitão Francisco da Cruz Alves cento e sessenta e cinco mil réis por crédito procedido de resto de um sítio que lhe comprei. Declaro que sou devedor a meu filho Manoel Ferreira de sessenta e cinco mil e tantos réis, como melhor lhe constará no crédito que lhe passei. Declaro que sou devedor do meu camarada feitor de sessenta e cinco mil e seiscentos réis, procedidos de seu salário. Declaro que sou devedor a João da Rocha Barrão de setenta e seis mil e oitocentos réis, procedidos de tantos outros que me emprestou e deles tem crédito. Declaro que sou devedor de anuidades a Irmandade do Santíssimo Sacramento e do que constar pelos livros da dita Irmandade.
Declaro que sou casado com Ana Antonia de São José da qual não tenho filhos.
Declaro que em todo o monte há a fazenda de que se tem um sítio em que vivemos com suas casas de capim e um moinho do qual tenho por partes e a quarta parte a Manoel Cardozo. Declaro que no sobredito sítio tenho plantado cinco ou seis alqueires de milho. Declaro que possuímos vinte e oito cabeças de gado vacum, dentre os quais se acham sete bois de carro e os mais são fêmeas e machos, pequenos e grandes. Declaro que possuímos dezesseis cabeças de porcos entre os quais, digo, entre pequenos e grandes, machos e fêmeas, pouco mais ou menos. Declaro que possuímos dez ou doze cabeças de cabras, pequenas e grandes, machos e fêmeas. Declaro que possuímos cinco cavalos, dois deles com freador. Declaro que possuímos sete bestas com arreador, com todo o enxoval, as quais foram para o Rio de Janeiro. Declaro que possuímos dois carros já ______________ cangas ___ ___ pertence. Declaro que possuímos um vestido de baeta nova. Declaro que possuo uma espada. Declaro que possuímos roupas brancas e de cor do nosso uso. Declaro que possuímos mais a louça de estanho do nosso uso. Declaro que possuímos mais dois tachos de cobre, um grande e outro pequeno.
Declaro que possuímos mais um ________________________
Declaro que possuímos _______________ escravos da nação Angola a saber: João, João, João e ________________.
Declaro que tenho na casa de fundição do R. das Mortes cento e dezenove oitavas de ouro, cujas me fiz quando recebia a fundir-se sem quinto e delas se me deu bilhete, nas quais oitavas pertencem a Manoel Cardoso Pires vinte e uma e meia oitavas, pertencem ao meu camarada Felipe [ Maria ?] lhe pertencem seis ou quatro oitavas.
Declaro que enviei por meu filho Manoel Ferreira 160 mil réis para com eles fazer os gastos da minha conta que [ ] são dele e fazer-lhe algumas cargas se preciso fosse. Declaro que João da Rocha Barrão me é devedor de certos camisões que paguei por ele de uma escrava por nome [ ] da nação Mina, mais me deve o dito João da Rocha Barrão seis cortes de saias de baeta ordinária, que lhe dei as suas escravas. Declaro que cada um escravo tem foice, enxada e machado usados. Declaro que pagou minhas dívidas o que restar de minha fazenda repartirá entre mim e minha mulher e por todo o monte e porque e do que me cabe as duas partes são para os sobre ditos meus filhos herdeiros necessários. E só a terça é minha, dela dispus como dito tendo. Declaro, nomeio e instituo a minha alma por minha herdeira, digo, nomeio e instituo por minha herdeira universal a minha alma de tudo o que depois de pagas minhas dívidas e cumpridos meus legados restar da minha terça se possa mandar dizer em missas na forma sobredita das que peço se mandem dizer. Declaro que para satisfazer meus legados “ad causas pias” aqui declaradas e dar expediente ao mais que neste testamento ordeno e torno a pedir a minha mulher Ana Antonia de São José, a João Alves de Araújo e José Ferreira dos Santos por serviço de Deus Nosso Senhor. E por me fazerem mercê queiram aceitar a serem testamenteiros como no principio deste meu testamento peço, aos quais e a cada um “in solidum” dou todos os poderes que em direito possuo e for [ ] para de meus bens tomarem, venderem o que necessário for para meu enterramento e cumprimento de meus legados e paga de minhas dívidas; outrossim ao que aceitar ser meu testamenteiro concedo o tempo de dois anos para que no fim deles possa dar contas do disposto neste meu testamento, rogo as justiças de sua majestade assim seculares, como eclesiásticas façam cumprir esta minha última vontade por quanto, do modo que dito, que tenho dito ao qual meu testamento pedi e roguei a João Alves de Araújo que o escreve e como testemunha assinasse e eu me assinei com uma cruz que é meu sinal de que uso por não saber ler nem escrever. Freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo, aos nove dias do mês de novembro de mil setecentos e cinqüenta e um anos.
Sinal do Testador Francisco Ferreira Armonde é uma cruz, como testemunha que a este fez a rogo do sobredito e vi assinar João Alves de Araújo. E nada mais se continha no dito testamento que bem e fielmente aqui transcrevo do próprio original a que me reporto e só se seguia à aprovação do tabelião e depois do traslado e conferi e consertei com as testemunhas Manoel Lourenço de Barros e João da Fonte Barros, que comigo assinam aos dezoito dias do mês de novembro de mil setecentos e cinqüenta e um anos.