PROJETO COMPARTILHAR
Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira
Família “Domingos Freire de Figueiredo”, neste site.
CLEMENTE VAZ DE SIQUEIRA
Inventário
Museu Regional de São João del Rei
Tipo de Documento: Inventário
Ano: 1808
Caixa: 371
Inventariado: Clemente Vaz de Siqueira
Inventariante: Dionizio Leite de Siqueira
Local: Aplicação de Nossa Senhora da Conceição da Barra, termo da vila de São João del Rei.
Transcrito por Edriana Aparecida Nolasco a pedido de Regina Junqueira
fls. 01
Inventário dos bens que ficaram por falecimento de Clemente Faz de Siqueira de quem é Testamenteiro e Inventariante Dionizio Leite de Siqueira,
Data: 11-08-1808
Local: Fazenda da lagoa Verde Aplicação de Nossa Senhora da Conceição da Barra do terno da vila de São João del Rei, Minas e Comarca do Rio das Mortes em casas de morada do falecido Clemente Vaz de Siqueira.
fls. 01v. - Declaração
Declarou o inventariante haver falecido o mesmo testador aos dois dias do mês de Fevereiro do ano passado de mil oitocentos e sete com seu solene testamento (...).
Bens de Raiz:
- uma morada de casas cobertas de telha com dois muros de pedra, currais e mais casas cobertas de capim nesta fazenda da Lagoa Verde 100$000
- um moinho aparelhado 20$000
- duas partes e meia que tem nesta fazenda da Lagoa Verde que se compõem de matos, capoeiras e campos 277$200
- a parte que ainda tem de legítima materna na mesma fazenda da Lagoa Verde 42$444
- a parte que tem na mesma fazenda nas terras e águas minerais 11$888
- umas capoeiras denominada de pilões 130$000
- umas terras e águas minerais situadas na outra parte do Rio das Mortes Pequeno 150$000
fls. 05v. - Procuração
Data: 13-08-1808
Local: nesta fazenda da Lagoa Verde em casas de morada do falecido Clemente Vaz de Siqueira
Que Faz: Dionizio Leite de Siqueira (inventariante e tutor do menor do falecido)
Procuradores Nomeados: Drs. João Antonio Pereira da Costa, Jose Gonçalves Gomes, Capitão Francisco Xavier Pereira da Silva e Luiz Antonio da Silva Rodarte.
fls. 05v. - Testamento
Em nome de Deus. Amém.
Sendo em o dia vinte e sete de Janeiro de mil oitocentos e sete nesta Fazenda da Lagoa Aplicação da Capela de Nossa Senhora da Conceição da Barra Freguesia da vila de São João del Rei aonde eu Clemente Vaz de Siqueira moro e achando-me enfermo com o meu perfeito juízo e entendimento constante nos preceitos da santa fé, como católico verdadeiro, temendo-me da morte que em todos é certa, ordeno este Testamento na forma seguinte:
Meu corpo será envolto em hábito religioso de São Francisco e sepultado na Igreja ou capela mais próxima ao meu falecimento (...).
(...)
Declaro que sou natural e batizado nesta dita freguesia de Nossa Senhora do Pilar da Vila de São João del Rei, filho legítimo de João Vaz de Siqueira e de Gertrudes de Moraes Freire, já falecidos.
E sou solteiro e nunca fui casado e tenho um filho natural por nome Narciso, pardo, nascido da minha escrava Vitória, preta, e como tal já lhe passo a sua carta de liberdade e a dita minha escrava sua mãe e por meu filho o reconheço e como tal o tenho criado e estimo e tenho em minha companhia e é meu legítimo herdeiro e se necessário é como tal o instituo por ser meu único herdeiro descendente e ao mesmo meu filho natural Narciso o nomeio em primeiro lugar testamenteiro adjunto com meu sobrinho Dionizio Leite de Siqueira atendendo a sua pouca idade, e na falta deste em segundo lugar adjunto ao meu sobrinho Manoel Venâncio dos Santos, e na falta deste em terceiro lugar adjunto ao meu sobrinho João Claudino dos Santos (...).
(...)
Deixo dez oitavas de ouro a minha prima Rosa Freire dos Santos.
(...)
Declaro que os bens que possuo são a parte que me tocou nesta dita fazenda da Lagoa, por legítima do casal de meus pais como também terras e águas minerais e o mais consta o seu importe dos inventários respectivos e juntamente umas capoeiras chamada dos Pilões aonde presentemente se acham os canaviais de meu irmão o Alferes Brás Freire de Siqueira (...) e mais me pertence uma parte desta dita fazenda que por legítima tocou a minha irmã Maria, casada com Domingos Antonio Soares, que a ambos comprei e paguei, como também da mesma mais me pertence da parte que tocou de legítima a meu irmão Cristóvão Vaz de Siqueira (...).
(...)
De tudo quanto possuo dos quais bens, satisfazendo as despesas do meu funeral, dividas e as mais determinações, ficará o remanescente pertencendo ao sobredito instituído herdeiro Narciso, meu filho.
Declaro que alguns dos bens que a mim me são pertencentes e estou possuindo, que foram da testamentária do falecido Antonio Vaz de Siqueira, eu os paguei (...).
(...)
Declaro que a dita minha escrava Vitória, que se acha forra, ficara morando com o dito seu filho Narciso, o meu herdeiro, ambos na mesma dita minha casa.
(...)
(...) pedi a José Fernandes dos Santos este me escrevesse(...).
Clemente Vaz de Siqueira
fls. 07v. - Abertura
Aos dois dias do mês de Fevereiro de mil oitocentos e sete (...) abri este testamento com que faleceu o testador Clemente Vaz de Siqueira (...).
Monte Mor 2:283$769 ½
fls. 25
Diz Manoel Venâncio dos Santos que ele foi notificado para assinar Termo de tutela dos órfãos do falecido Clemente Vaz de Siqueira, como testamenteiro nomeado em segundo lugar pelo testador e haver falecido juntamente o primeiro nomeado (...).
Filho Natural:
01- Narciso, solteiro, de idade de sete anos.
fls. 35
Diz Narciso Vaz de Siqueira, filho natural de Clemente Vaz de Siqueira, seu testamenteiro adjunto com Manoel Venâncio dos Santos, por falecimento do primeiro nomeado, hoje também seu Tutor, que foi notificado com que faleceu o dito seu pai, instituindo ao primeiro suplicante como seu único e universal herdeiro (...).
fls. 36 - Procuração
Data: 31-7-1809
Local: vila de São João, Minas e Comarca do Rio das Mortes.
Que Faz: Manoel Venâncio dos Santos, testamenteiro adjunto com o órfão Narciso Vaz de Siqueira e seu tutor.
Procuradores Nomeados: Dr. Gomes da Silva Pereira, e aos Solicitadores de Causas o Capitão Luiz Antonio da Silva Rodarte, a João de Faria Silva Gomes e ao Capitão Faustino José de Castro.
fls. 80v. - Auto de Contas
Data: 11-01-1811
Local: Vila de São João del Rei, Minas e Comarca do Rio das Mortes.
Tutor: Manoel Venâncio dos Santos
do Órfão: o dito órfão Narciso se acha solteiro, em idade de onze anos pouco mais ou menos, se acha em poder dele tutor e é obediente e sujeito.
fls. 147
Diz José Fernandes dos Santos morador no Arraial da Conceição da Barra que ele foi notificado para no termo de três dias assinar Tutela do órfão Narciso, primo do suplicante e filho de Clemente Vaz de Siqueira (...).
fls. 139 - Auto de Contas
Data: 04-11-1814
Local: vila de São João, Minas e Comarca do Rio das Mortes.
Que Faz: Manoel Venâncio dos Santos.
do Órfão: o órfão Narciso tem a idade de treze anos pouco mais ou menos e vive em companhia dele tutor sendo obediente, hoje sabe ler, escrever e contar, sabe a doutrina cristã e não tem maus costumes.
fls. 143
Diz Vitória Vaz, preta forra, que pela obrigação que tem de promover os interesses de seu filho, órfão que ficou de Clemente Vaz de Siqueira (...).
fls 146
Diz José Fernandes dos Santos, tutor do órfão Narciso, filho do falecido Clemente Vaz de Siqueira, que ele foi citado para dar contas da tutela, sem que todavia tenha passado o tempo que a lei determina para dar semelhantes contas sendo certo que esta citação lhe foi promovida pelo Requerimento (...) feito por parte de Vitória Vaz, mãe do dito órfão, o qual Requerimento se compõem de queixas vãs, aleivosias e falsas narrativas, mas isso não se deve estranhar por que o mesmo fez a suplicada contra José Vaz de Siqueira (...) sendo mais certo que ela pretende ser herdeira de todos os bens deixados a seu filho (...) pois que quer ter neles domínio, mandando-os faiscar ouro, afim de sustentar seus vícios e viver com eles licenciosamente como de fato vive, dando maus exemplos ao dito órfão que se acha maior de quatorze anos, não consentindo que ele esteja na companhia do tutor, para ser educado conforme os sagrados dogmas, distribuindo os rendimentos a seu arbítrio e tratando ao suplicante com menos atenção, e insinuando aos escravos que não obedeçam ao suplicante, dando-lhes ousadia para vadiarem e mesmo para se ausentarem fugitivamente e querendo persuadir de castigos rigorosos dizendo ser feitos por Manoel Venâncio dos Santos, e que por isso andam sempre dispersos, fugidos, estando de presente três anos no sertão (...).
fls. 160 - Procuração
Procuradores Nomeados: Drs. João Antonio Ferreira da Costa, João de Araújo Oliveira e aos Solicitadores de Causas Antonio José de Oliveira Barreto e Luiz da Cunha Barros.
Data: 17-02-1816
Local: Vila de São João del Rei, Minas e Comarca do Rio das Mortes,
Que Faz: José Fernandes dos Santos.
fls. 163 - Auto de Contas
Data: 11-05-1816
Local: Vila de São João del Rei, Minas e Comarca do Rio das Mortes,
Tutor: José Fernandes dos Santos.
do Órfão: - o órfão Narciso se acha ainda no estado de solteiro e terá de idade hoje quatorze para quinze anos, e tem vivido a maior parte do tempo em companhia de sua mãe Vitória Vaz, preta forra, e dotado de bons costumes.
fls. 173
Diz Marcelino José de Siqueira, que ele foi notificado para assinar termo de tutela do órfão Narciso, filho natural de Clemente Vaz de Siqueira, falecido (...).
fls. 185
Diz José Fernandes dos Santos, morador no Arraial de Nossa Senhora da Conceição da Barra aonde tem casas de negócio (...) que foi preso no dia de hoje 6 do corrente mês de março, por não ter entregado ao mesmo tutor Marcelino José de Siqueira os insignificantes bens que de resto existem em seu poder do tempo que administrou a mesma tutela de Narciso, filho natural do falecido Clemente Vaz de Siqueira (...).
fls. 201 Diz Narciso Vaz de Siqueira, filho e herdeiro de Clemente Vaz de Siqueira, que se acha casado (...) já maior de 22 anos (...) se casou com Ana Antonia da Silva (...).
fls. 208 - Procuração
Data: 22-04-1824
Local: Vila de São João del Rei, Minas e Comarca do Rio das Mortes.
Que Faz: Narciso Vaz de Siqueira (filho do inventariado)
Procuradores Nomeados: Caetano Jose de Almeida, João Baptista Lustosa, Manoel da Costa Souto, João Dias Rosa, etc.