PROJETO COMPARTILHAR
Coordenação: Bartyra Sette e Regina Moraes Junqueira
Bárbara Maria de Jesus nasceu na Freguesia de Nossa Senhora de Nazaré, Termo da cidade de São João del Rei, filha natural de Joaquina Maria de Jesus. Joaquina Maria casou com Antonio dos Anjos Pereira e deixou prole legítima.
Bárbara casou com Francisco Domingues da Costa, falecido antes de 1852, ano em que ela ditou seu testamento. Sem filhos ou herdeiros necessários, nomeou por herdeiros dois expostos e afilhados seus:
- Silvestre Correa da Silva, batizado em Conceição da Barra em 1839
- Joaquim Basílio da Silva, batizado em S Antonio do Rio das Mortes Pequeno. Com 17 anos, casou em Conceição da Barra aos 02-11-1861 com Adelaide Ferreira da Silva, filha de Daniel Antonio da Silva e de Maria Ferreira.
Pelo seu testamento, sabemos que Bárbara Maria teve irmãos (ou meio irmãos), e deixou legados para vários sobrinhos e sobrinhos netos.
Irmãos:
1- Claudina, mãe de ao menos: Felisbina, Cândida e Fermino.
2- Manoel dos Anjos, terceiro testamenteiro de Bárbara
3- Joaquina, mãe de Maria, legatária da tia Bárbara
Sobrinhos nomeados em testamento:
- Ana, sobrinha e afilhada, filha de João Alves e Lucia.
- Maria casada com Francisco Gaudêncio, mãe de Matildes e Maria, estas legatárias da tia avó.
- Mariana, mãe de Demetildes, também legatária da tia avó
- Maria Justiniana de Paiva, filha de Antonio Justiniano de Paiva e Matildes Cândida de Jesus, neta paterna do Padre Manoel da Paixão e Paiva, neta materna de José Fernandes Medella e Claudina de Tal (talvez esta irmã de Bárbara Maria?) Ensaio “Padre Manoel da Paixão e Paiva” 5.
BÁRBARA MARIA DE JESUS
Inventário
Museu Regional de São João del Rei
Tipo de Documento: Inventário
Ano: 1852
Caixa: 111
Nº de Páginas: 120
Inventariada: Bárbara Maria de Jesus
Inventariante: Tenente Silvestre Correa de Carvalho Junior
local: São João del Rei
Transcrito por: Edriana Aparecida Nolasco a pedido de Regina Junqueira
fls. 01
Inventário dos bens da falecida Bárbara Maria de Jesus, viúva de Francisco Domingues da Costa, de quem é inventariante seu Testamenteiro Silvestre Correa de Carvalho Junior.
Data: 30 de Junho de 1852
Local: São João del Rei
fls. 04 - Declaração
(...) declarou que a inventariada havia falecido no dia vinte e sete de Maio do corrente ano de mil oitocentos e cinquenta e dois com Testamento solene (...)
Herdeiros
01- Silvestre, exposto a inventariada, de idade de nove anos pouco mais ou menos.
02- Joaquim, também exposto a inventariada, de idade de seis anos pouco mais ou menos.
fls. 05 - Testamento
Em nome de Deus Amém.
Eu Bárbara Maria de Jesus querendo firmar a minha última vontade faço meu Testamento na forma seguinte:
Sou natural da Freguesia de Nossa Senhora de Nazaré, Termo da cidade de São João del Rei, viúva que fiquei por falecimento de Francisco Domingues da Costa de cujo matrimônio não tivemos filhos.
Declaro que sou filha natural de Dona Joaquina Maria de Jesus e como não tenho herdeiros necessários tanto ascendentes como descendentes, instituo por meus legítimos herdeiros, depois de cumpridas as minhas disposições, aos meus dois afilhados e expostos em minha casa Silvestre Correa e Joaquim Basílio, em iguais partes.
(....................)
(...) e quarenta missas por alma de minha mãe e meu padrasto Antonio dos Anjos Pereira (...).
Deixo a minha sobrinha e afilhada Ana, filha de João Alves e Lucia a quantia de vinte mil réis.
Deixo a minha sobrinha Maria, filha de minha irmã Joaquina, a quantia de trinta mil réis.
Deixo as minhas sobrinhas, Felisbina e Cândida, filhas de minha irmã Claudina a quantia de dez mil réis a cada uma.
Deixo ao meu afilhado Firmino, filho da mesma minha irmã a quantia de dez mil réis.
Deixo as minhas sobrinhas, filhas de minha sobrinha Maria casada com Francisco Gaudêncio, Matildes e Maria a quantia de quinze mil réis a cada uma.
Deixo de esmola a Ponciana, viúva de José Bernardes, a quantia de dez mil réis.
Deixo a (fls. 05v.) Francisca, filha de Mariano, morador na Restinga, a quantia de dez mil réis.
Deixo ao meu afilhado João, filho do mesmo Mariano, a quantia de dez mil réis.
Deixo a Francisca, filha de João Francisco da Costa, a quantia de dez mil réis.
Deixo ao meu afilhado Joaquim, filho de minha comadre Sabina, a quantia de quinze mil réis.
Deixo a Francisca, filha da mesma Sabina, a quantia de dez mil réis.
Deixo a Joana, irmã da mesma Sabina, a quantia de dez mil réis.
Deixo a Maria, filha de Mariana viúva que ficou de Fernando, a quantia de dez mil réis.
Deixo a filha de Lucinda de nome Ana, a quantia de dez mil réis.
Deixo a Joaquim, filho de José Ignacio, a quantia de dez mil réis.
Deixo a Demetildes, filha de minha sobrinha Mariana, a quantia de dez mil réis.
(....................)
Deixo o meu crioulo Fermino a meu afilhado e herdeiro Silvestre.
(....................)
Deixo a minha afilhada Francisca, filha de Joaquim Teixeira e Theresa os meus cordões de ouro.
Deixo a minha sobrinha Maria, filha de Antonio Justiniano de Paiva, os meus colares de ouro.
Deixo a Ana, filha de Joaquim Teixeira, a quantia de dez mil réis.
Declaro que se falecer qualquer destes dois meus herdeiros tornará a herança de um a outro e na falta de ambos passará a herança aos meus sobrinhos filhos de minha irmã Claudina,
Nomeio para meus Testamenteiros em primeiro lugar a Silvestre Correa de Carvalho Junior, em segundo lugar ao Reverendo Firmiano (fls. 06) José dos Santos, em terceiro lugar a meu irmão Manoel dos Anjos (...).
Declaro mais que os ditos meus herdeiros ficam debaixo da educação do meu Testamenteiro. Assim mais uma pequena sorte de terras compradas a José Pedro de Ávila, deixo a minha escrava liberta e os mais quartados em igual parte.
(....................)
(...) por não saber ler nem escrever pedi e roguei a Francisco Antonio da Silva Rios que este por mim escrevesse e assinasse depois de me ser lido (...).
Fazenda da Paciência, 24 de Maio de 1852
Aprovação:
Data: 1852
Local: Fazenda denominada Paciência, em casas de morada de Dona Mariana Antonia de Jesus.
fls. 07 - Abertura
Aos vinte e sete dias do mês de Maio do ano de mil oitocentos e cinquenta e dois (...) foi entregue este testamento com que faleceu Dona Bárbara Maria de Jesus (...).
fls. 10- Bens de Raiz:
- uma morada de casas de vivenda, térrea, coberta de telha situadas no lugar denominado Vitória, junto a estrada, com quintal cercado de valos com plantações de cafés e vários arvoredos: 300$000
- um rancho grande coberto de telha: 100$000
- uma pequena sorte de terras de campos, que segue do valo que tapa o quintal águas vertentes até a casa de Mariana Mata e daí em rumo direito águas vertentes até o valo que divide a Fazenda do Tejuco e deste ao brejo e por este brejo abaixo até o valo do mesmo quintal 200$000
- uma parte de terras de campos e um pequeno capão de mato que segue da porteira junto a casa e rancho pelo valo adiante até a porteira fechada, o desta pelo valo abaixo até o córrego e por este acima divisando com o Alferes Silvestre Correa até o esbarrancado que está junto a estrada e a mesma morada: 400$000
- uma outra pequena sorte de terras de campos e uma pequena capoeira ao lado esquerdo da estrada indo para Nazaré, comprados a José Pedro de Ávila Junior, cercados de valos, legados pela testadora a seus escravos: 120$000
Dividas Ativas:
- Isidoro Alves Guedes 877$766
- Severino Moreira da Silva 918$023
- Jerônimo José de Carvalho 150$664
- Carlos Fernandes Medellas 160$924
- Dona Ana Maria de Jesus e Dona Mariana Antonia de Jesus 1:505$694
- José Pedro de Ávila 50$832
- Francisca Maria de Jesus 117$015
- Isidoro Alves Guedes 157$000
- Dona Francisca Dorothea da Costa Pereira 167$490
Monte Mor - 6:706$907
fls. 36 - Auto de Contas
Data: 14 de Fevereiro de 1856
Local: São João del Rei
Tutor: Silvestre Correa de Carvalho por seu Procurador Domingos da Silva Alves.
Dos Órfãos:
- (...) o órfão Silvestre se achava com a idade de treze anos, e o órfão Joaquim com a idade de dez anos pouco mais ou menos, e ambos se achavam na escola, aprendendo a ler, escrever e contar e a doutrina cristã, com aproveitamento, tendo eles bom comportamento e capacidade.
fls. 42 - Auto de Contas
Data: 14 de Maio de 1858
Acresce: - o órfão Silvestre, 15 para 16 anos ocupa-se na lavoura e tratar de criação de gados (...).
- o órfão Joaquim está aprendendo o oficio de carapina com o Mestre Antonio Justino de Barros e há um ano esta com este no Mar de Espanha (...).
fls. 51
Diz Silvestre Correa da Silva, um dos herdeiros da falecida Bárbara Maria de Jesus (...) que mostra achar-se na idade de 21 anos (...)
fls. 52
Certifico e sendo necessário juro que no Livro de Suplemento de Assentos de Batismos desta Freguesia a folha 29 consta o seguinte:
No ano de mil oitocentos e trinta e nove nesta Matriz de Nossa Senhora da Conceição da Barra foi batizado pelo Reverendo João Pedro, Silvestre exposto em casa da finada Dona Bárbara Maria de Jesus, sendo padrinhos o Tenente Silvestre Correa de Carvalho e a dita Dona Bárbara Maria de Jesus, e por não aparecer assento, informado dele por pessoa fidedigna o lancei aqui para constar.
O Vigário Lauriano Antonio do Sacramento.
Nada mais continha o referido assento que fielmente copiei do próprio a que me reporto.
Conceição da Barra, 20 de Outubro de 1865
O Vigário Lauriano Antonio do Sacramento.
fls. 56
Certifico e sendo necessário juro que do Livro de Assentos de Casamentos desta Freguesia, a folha 88 consta o seguinte:
Aos dois de Novembro do ano de mil oitocentos e sessenta e um, nesta Matriz de Nossa Senhora da Conceição da Barra, feitas as denunciações canônicas e tirados os depoimentos verbais e sem impedimento se receberão em matrimônio os contraentes Joaquim Basilio da Silva exposto em casa de Dona Bárbara Maria de Jesus, de idade de dezessete anos, batizado na Capela de Santo Antonio do Rio das Mortes Pequeno, filial da Matriz da Senhora do Pilar, da cidade de São João del Rei, e de presente morador nesta Freguesia da Conceição da Barra, e Adelaide Ferreira da Silva, filha legítima de Daniel Antonio da Silva e de Maria Ferreira, natural e batizada nesta dita Freguesia, e de presente moradora na de São João del Rei, e lhes confere logo as bênçãos nupciais do Ritual Romano; presentes as testemunhas Joaquim José de Paula e Francisco de Souza Leite, tendo a oradora a idade de quinze anos de que para constar fiz este assento.
O Vigário Lauriano Antonio do Sacramento.
Nada mais continha no referido assento que fielmente transcrevi do próprio a que me reporto.
Conceição da Barra, 2 de Novembro de 1861
O Vigário Lauriano Antonio do Sacramento.